Sambahia. Uma mistura que define Vaneza Melo. Nasceu em um bairro fabril, a Mooca. Curiosa, queria aprender arte. Não deu. Fez jornalismo na Cásper Líbero, em pleno coração de SP.
Da fria e cinza São Paulo, migrou para Salvador ainda para trabalhar como jornalista. Ingressou, em 2006, como aluna especial do Mestrado da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A disciplina tratava do universo da arte erótica.
Em 2011, novamente se inscreve como aluna especial do Mestrado da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desta vez, a disciplina era Arte Urbana. Foi durante esta disciplina que ampliou o conceito de espaço público e as múltiplas maneiras de um artista atuar fora de um museu.
Em 2013, decide fazer o Bacharelado de Artes Visuais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e se muda para Cachoeira. Ainda não aspirava à prática como meio de se comunicar. Porém, como se trata de um curso prático-teórico, o fazer artístico começou a se desenvolver em aulas técnicas de desenho, gravura, performance e fotografia.
Foi a primeira estudante do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), a fazer uma intervenção no Quarteirão Leite & Alves (espaço que abriga o CAHL). A ideia era fazer com que o público do CAHL percebesse o próprio corpo quando se modifica a ordem. Para entrar na sala de aula, os estudantes eram obrigados a passar por uma fenda (de um metro e meio) feita no tecido vermelho. Com a assistência curatorial do artista Jadson Palma, 9 portas foram cobertas com o tecido. Por conta da repercussão, a organização do Sarau do CAHL pediu uma segunda montagem da obra que teve uma dimensão maior: 5 m x 8m, dessa vez colocada na entrada principal. A intervenção Fissuras Urbanas (2016) ocupou o CAHL por uma semana e um dia.
Participou de projetos curatoriais, como a expo Em Trânsito (2015) e Xeque mas não mate – um jogo sobre o curso de Artes Visuais (2017). A primeira teve como temática a ideia do transitar já que os participantes eram de diversas regiões do país. A segunda foi concebida a partir de um pensamento Dadá, evocando o Cabaré Voltaire e a acumulação proposta por Kurt Schwitters.
A poética do corpo em transformação como artvismo, rendeu uma série intitulada Tribo (2016) que mostra o desfazer de uma serialização a partir de interferências com elementos tipográficos da década de 1980 (letra Sete). A técnica da xilogravura é subvertida do seu objetivo final, dando ao fruidor a unicidade visual de cada impressão, dando inicio ao estudo de grvur expndida. O tríptico Tribo foi exposto na Capela do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) durante a exposição 3ª Mostra Gráfica sob curadoria do Mestre da Escola de Belas Artes, Evandro Sybine, em 2017.
Uma pesquisa em arte sobre o percurso das águas e suas dimensões ancestrais africanas.
Este estudo teve início em 2016 com uma bolsa de estudos da FAPESB. O mapeamento poético das águas de Cachoeira foi o início para o que seria o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). As mortes dos rios nessa cidade estão interligadas com os fechamentos dos Terreiros de Candomblé. Com o desmatamento e abandono, as nascentes foram poluídas ou morrendo. A imagem central que ressalta, então, é da folha.
E partir desta imagem é elaborada a obra Evangeliário das Folhas – uma arte-ação coletiva, uma gravura expandida, um objeto escultórico. Ao descobrir a folha como imagem da água, oficinas de gravura expandida foram oferecidas para o público. Este precisava escolher a folha, falar o porquê, entintar e gravar sobre um pedaço de pano. Depois vinha o trabalho da curadoria do arremate do pano, já que cada pedaço representava uma folha do Evangeliário. O resultado foi a exposição de um trabalho escultórico cujas folhas de tecido foram dispostas em espiral, dando ao espectador a impressão que estavam soltas no ar.
Estes são alguns trabalhos que mostram a presença da arte conceitual, onde o que se objetiva é atrair o espectador a pensar no próprio fazer da obra.